"Existentialism, now it's a new time. A hard time, but a necessary time. A time to see us and them. A time to tell about us and them forever... To know of we're just 'Rags of silver'!" (¨ J-JP ¨)

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Tempo que ia

Dos silêncios que ouvia

Havia
a nostalgia
fria

Das noites que morria

Urgia
a alegria
vazia

Das memórias que sentia

Jazia
a ideologia
tardia


- Nando Barrett -

domingo, 12 de novembro de 2017

Indecente

Minha alma não tem vestes
não tem cheiro nem odores
é nua e sem pudores

Pudores são medos
retraídos e presos
reprimidos

Pudores são dores
vis usurpadores
incolores


- Nando Barrett -

domingo, 1 de outubro de 2017

Terra do rio

A minha terra é a minha vida
O meu rio, sou eu
Esse rio corre
Pela terra
Sem consumir-se
Em mar algum



- Nando Barrett -

sexta-feira, 26 de maio de 2017

domingo, 14 de maio de 2017

Da morte

a memória de um vento que passou
rega com sol as folhas de outono
passos e compassos da vida
constroem essa desconstrução
a cada momento

e cada ouvido atento
lembra que a morte
é um som
infinito e mudo
e pode ser
o paraíso
que corre
em suas
veias

- Nando Barrett -

Órbitas sentimentais

do caos ao nirvana
da dor ao orgasmo
oscilando dimensões
buracos negros
são corações


- Nando Barrett -

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Pessoa

Poeta
concreto
Homem
abstrato

E naquela alma
a astúcia de
fingir ser
um fingidor


- Nando Barrett -

Redoma

Guardava-a
no coração
Num poema,
numa canção

Divagando sentimentos
transbordantes
Devaneios e palavras
flutuantes

O orvalho da relva,
a seiva da alma
Com sua leveza
trazia-lhe a calma


- Nando Barrett -

O par

Encontraram-se
os dois

na exuberância
da vida
  
sem avisar,
sem esperar

num segundo,
num olhar

- Nando Barrett -

Teogonia da agonia

Assombrosa sombra
pairava no corpo
cansado

Noites de dor
saudades
incandescentes

Os silêncios
amargos
de um ruído

Eram cacos
dum coração
partido


- Nando Barrett -

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Par de meias

meia mentira e meia verdade
meia estação e meia idade
meia boca e meia taça
meia quadra e meia calça
meia hora e meia noite
meia entrada e meia volta
meia dúzia e meia lua


cada par de meias
uma inteira
que amei


- Nando Barrett -

Elo

E aquele lápis azul
em seu peito
era um mundo
junto ao fio
de prata
batia tal qual
seu coração
carnal


- Nando Barrett -

Aflorando cactus

Havia uma flor
Silvestre
Regada com sonhos
Cuidada com zelo
Intocável

De pétalas suaves, leves
Uma cor sem fim
Alguns espinhos cruéis
Infinitamente linda
Tenra, nua e alva
Pétalas que gritavam
Um desejo distante

Havia um cacto
Selvagem
Em pleno luar
Querendo entender
A sede da vida

Tristes espinhos, rotos
Raízes no asfalto
Passado penado
Presente que pressente
A dor, a cor, o amor
E a cada eco que ficava
O cacto aflorava


- Nando Barrett -

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Sensorial

Calma d’água
corpos e cabeças
inodoras imagens
exibidas n’alma
poesias subversas
aqui e ali
artes, flores
E em meu peito
alguns amores

- Nando Barrett -